Nesta terça-feira, 14, o sindicato representante da categoria dos empregados de vigilância, segurança e transporte de valores do estado (Sindivigilante) mobiliza um ato em frente à Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese), em protesto a uma suposta abordagem truculenta da Polícia Militar a um vigilante no Conjunto Marcos Freire II, em Nossa Senhora do Socorro, nessa última segunda-feira, 13.
Em relato ao Portal Fan F1, José Cícero, membro da pasta de comunicação do Sindivigilante, informou que o carro do trabalhador em questão foi confundido com o de suspeitos de uma tentativa de assalto na região. O vigilante se dirigia ao trabalho no momento da abordagem.
“Segundo informações do próprio vigilante e as informações da região, se tratava de uma tentativa de assalto a um casal, duas pessoas em um carro branco abordaram um casal tentando assaltar. Procuraram a guarnição, que foi acionada, e fazendo diligências, por coincidência, esse nosso colega vigilante tinha acabado de deixar a esposa no trabalho ali no Shopping Prêmio. O mesmo estava se dirigindo para o posto de trabalho, ele é vigilante e trabalhava no plantão da noite, mas foi abordado dessa forma”, disse ele.
Ainda segundo Cícero, o homem chegou a se identificar como vigilante, mas ainda assim foi alvo de uma ação abusiva por parte dos agentes.
“Na fala, mandaram ele colocar a mão na cabeça. Posteriormente, mandaram ele se deixar no chão, o mesmo se recusou, porque estava indo trabalhar, não iria se deixar no chão, e aí começou a forma truculenta de agir da polícia. O mesmo entrou no carro para pegar o documento que a polícia solicitou, mas ele foi retirado à força do carro. E aí começou essa sequência, jogaram esse produto no rosto do mesmo, a gente acha que é análogo ao spray de pimenta, mas segundo ele não é”, completou.
Segundo o representante do Sindivigilante, o trabalhador chegou a ser levado à Central de Flagrantes, mas passou mal. Posteriormente, ele foi encaminhado ao Hospital Nestor Piva, na capital.
“Nós fomos nos fazer presentes no Nestor Piva. Lá foi negado o acesso, a família não teve acesso a ele, a esposa não teve acesso a ele, nós levamos nossa advogada e nosso presidente do sindicato. E aí foi quando o gestor [do Nestor Piva], bastante rude, bastante bruto, ignorante, proibiu o acesso do sindicato, que é o representante legal da entidade, mas devido à presença da advogada, ele teve que ceder”, disse ainda.
De acordo com Cícero, após atendimento na unidade, o vigilante foi conduzido novamente à Plantonista, onde foi estipulada uma fiança por desacato.
“O colega foi estipulado em uma fiança de um salário mínimo por ter desacatado as autoridades, segundo a fala deles, mas a gente vê o que houve no vídeo. O sindicato prontamente levantou esse valor e pagou a fiança do mesmo”, completou.
Sobre o ato na Assembleia Legislativa, Cícero informou que a categoria irá tentar dialogar com o presidente da casa para solicitar esclarecimentos.
“Vamos tentar conversar com o presidente da Assembleia Legislativa para obter respostas, tanto pelo atendimento do Nestor Piva, sobre a forma que o gestor trata as pessoas, quanto pela forma que a polícia agiu com esse trabalhador. Infelizmente, nós temos outros casos. O que aconteceu com a mulher, que foi abordada de maneira errônea, e o trabalhador que foi morto em Umbaúba de maneira trágica, por abordagem da polícia, temos outras abordagens da polícia de outras guarnições destratando as pessoas sem nem sequer reagir”, finalizou.
O Portal Fan F1 entrou em contato com a Polícia Militar para solicitar esclarecimentos sobre as alegações expostas.
Em nota, o órgão informou que os agentes foram solicitados por um casal que narrou ter sido vítima de roubo e passou características do suspeito e do veículo utilizado na ação.
“Após rondas, os policiais identificaram um veículo com as características descritas pelas vítimas e iniciou o procedimento de abordagem. Nesse procedimento, os militares solicitaram que o ocupante parasse o veículo. A parada foi solicitada por diversas vezes. Quando foi parado, o homem não atendeu a solicitação dos policiais e não obedecia os pedidos dos militares”, foi exposto.
Ainda segundo o comunicado, diante da situação, os policiais utilizaram técnicas com instrumentos de menor potencial ofensivo.
“Ao ser contido, os policiais localizaram com o homem um coldre e uma embalagem contendo maconha, além de objetos pessoais. Mesmo após a abordagem, o homem continuou resistindo à ação policial e dizendo que a situação não ‘iria ficar assim’. Diante dos fatos, ele foi detido e encaminhado à Central de Flagrantes, onde o caso foi registrado”, diz a nota.