Após os atos de violência registrados no último domingo, 4, representantes das torcidas organizadas Trovão Azul e Esquadrão Colorado, dos clubes Confiança e Sergipe, respectivamente, participaram do Jornal da Fan nesta terça-feira, 6.
Eles repudiaram os episódios, registrados em Aracaju e Nossa Senhora do Socorro, que deixaram seis pessoas feridas, uma delas em estado grave no Hospital de Urgências de Sergipe (Huse).
Um ponto de consenso entre as duas partes, no entanto, é que o fim das torcidas organizadas não é o caminho para acabar com a violência dentro e fora dos estádios. Tal discurso ganhou força nos últimos dias entre cidadãos e membros das forças de segurança pública.
De acordo com Etevaldo Teles, puxador e membro da torcida do Club Sportivo Sergipe (CSS), a agremiação está colaborando com as autoridades para identificar e punir os envolvidos nas confusões.
“É um fato lamentável, e aí só tem a perder o espetáculo, quem acompanha o futebol sergipano, as famílias que vão ao estádio levar os seus filhos, ver o seu time do coração jogar, só quem perde é a sociedade com essas brigas, nos terminais, nos arredores do Batistão. A Agremiação Recreativa Torcida Esquadrão Colorado não compactua com isso, tanto que a gente 100% dialoga com o nosso comando, passando a visão, passando a ideologia do que prega a torcida, que é vibrar e torcer pelo Club Sportivo Sergipe”, disse ele.
Já para Rafael Cardoso, representante jurídico e membro da torcida da Associação Desportiva Confiança, a violência perpetuada na data é um reflexo da conduta da sociedade.
“Nós fazemos coro, e acrescento que nós estamos à disposição da mesma forma para identificar pessoas que, infelizmente, ainda encaram o futebol como uma forma de descarregar suas emoções de forma violenta, infelizmente a violência é o mal que permeia toda a sociedade, infelizmente o que acontece em dia de jogo ou até mesmo em um show que você vai, é reflexo de como a nossa sociedade é doentia e tomada pelo fato social que é a violência”, afirmou.
Fim das torcidas
Sobre a possibilidade do fim das torcidas organizadas, Etevaldo se colocou contra e disse que o caminho para atenuar a violência deve envolver reorganização e ação conjunta das agremiações com o poder público.
“Não vai diminuir nada, o que tem que ser feito é o Ministério Público junto com o policiamento, junto com as agremiações, sentar e ver o melhor caminho, a melhor saída. É fazer o cadastramento e inibir esses vândalos da nossa agremiação”, disse, ao que acrescentou: “A gente não quer o final da torcida organizada, que é quem acompanha o clube, é quem faz o show à parte dentro do estádio”.
Uma ação que já está sendo adotada, em suas palavras, é a realização de reuniões com as zonas e comandos da torcida, com o objetivo de reforçar o objetivo real.
Rafael também apresentou posição contrária ao fim das torcidas, mas afirmou que elas não devem fugir da base principal, que é apoiar seu time. Ele também defendeu um juizado especial para os jogos.
“O fim não resolve nada, pelo contrário, você corta um elo de diálogo com pessoas que estão dispostas a ajudar para que fatos como esse não ocorram, então acho que o que tem que ser feito é um recadastramento, tem que ser implantado um juizado especial, como ocorre em outros estados, já há um juizado especial nos próprios estádios, para que quem cometer atos delituosos já seja prontamente julgado no plantão mesmo. E medidas públicas de prevenção, a gente tem que focar na prevenção”, finalizou.