A sergipana Geane dos Santos, professora e diretora de escola, está entre os brasileiros que deixaram Israel após os ataques do grupo Hamas no último sábado, 7. Ela saiu de Jerusalém na tarde dessa última terça-feira, 10, pelo horário local, com destino a Madrid, na Espanha. Da capital israelense, ela saiu com lembranças de apreensão e demonstrou alívio por estar em segurança.
“Quando começou o atentado no sábado, imediatamente entrei em contato com o consulado do Brasil em Tel Aviv. Eles se comunicavam comigo diariamente, contando o que estava acontecendo, se o aeroporto estava fechado ou não. E mandaram uma lista, na segunda-feira eles já mandaram uma lista para que a gente colocasse os dados, porque o governo brasileiro queria saber todos os que estavam lá”, explicou Geane.
Alguns cidadãos brasileiros que solicitaram ajuda ao Governo Federal já foram repatriados, trazidos de volta ao país em aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB). No caso de Geane, que havia comprado passagem para deixar Israel, o deslocamento à capital espanhola foi feito em um voo comercial.
“A prioridade era para quem teve o voo cancelado no aeroporto e principalmente para aquelas pessoas que não tinham nem passagem, não tinham como vir. Então como a gente, o nosso voo comercial, ele saiu, ele estava marcado, ele não foi cancelado”, disse ela.
Em relato ao Portal Fan F1, Geane relatou estar traumatizada e deu detalhes do que vivenciou quando o conflito teve início.
“É uma coisa assustadora, só que só sabe quem passa. Eu tô aqui traumatizada, mesmo aqui em Madrid eu ainda tô nervosa. Nós estávamos acordando, nós acordamos com o som de uma sirene que é, ela é diferente de tudo o que a gente escuta aí no Brasil, é um som, assim, ensurdecedor, aquele som muito forte. E as pessoas começam a se mexer e a gente sem saber o por quê”, completou.
A sergipana também comentou sobre o clima que se instalou em Jerusalém após o início do conflito e como foram os últimos momentos antes de deixar o Oriente Médio.
“Esses lugares têm abrigos subterrâneos. Só os abrigos já deixam a gente assustado, porque você tem que descer em uns túneis assim, tem que ficar lá, onde você tiver, tem que ir para aquele lugar, sair, procurar o abrigo mais próximo que tiver, assim que a sirene tocar. É muito traumatizante, muito mesmo. Ontem nós saímos de Jerusalém e hoje, já na madrugada, nós sabemos que teve, tiveram alguns atentados armados em Jerusalém mesmo. Jerusalém não recebe bombardeios, é muito difícil”, disse ela.
E completou: “Nós estivemos até na faixa de Gaza um dia antes de ter acontecido o atentado, de onde nós estávamos, em Jerusalém, a gente viu o míssil passar por cima do céu, dá pra ver o míssil passando por cima, imagina isso aí. E aí você vê aquele míssil passando e aquele negócio tão ensurdecedor e tem que correr, meu Deus. Foi um momento bem difícil, muito difícil, eu penso que foi o momento mais difícil que eu já passei”.