Na manhã desta quinta-feira, 10, o Jornal da Fan abordou o caso de uma mulher que diz estar sendo coagida e torturada por Policiais Militares do Estado de Sergipe. Na denúncia, ela alega ter sido espancada e torturada pelos PM’s, em duas ocasiões diferentes.
Maria Isiane, que atualmente reside em Piranhas, Alagoas, disse que foi presa pelo crime de tráfico de drogas, por causa do companheiro dela, que era traficante. Em uma diligência policial, o homem fugiu e a abandonou. Diante das circunstâncias, Isiane diz que acabou levando a culpa e sendo acusada de tráfico. Detida por dois meses e 11 dias, ela foi presa em dezembro do ano passado e cumpriu pena até o dia 11 de março deste ano.
“Quando fui presa eu fui praticamente espancada por eles. Me torturaram e agora, de novo, eles invadiram a minha casa, no último sábado. Fui presa por tráfico de drogas, porque eu estava com meu companheiro. Ele correu e, como eu fiquei, levei toda a culpa. Mas não pegaram nada na minha mão, não. Eles encontraram, mas como eu estava no local, sobrou para mim”, denuncia a mulher.
A mulher acusa os policiais de terem invadido a sua residência no último sábado, 5, para coagí-la e torturá-la novamente. Aos ouvintes da Rádio Fan FM, ela contou, com riqueza de detalhes, como procederam seus torturadores.
“Sábado eles invadiram a minha casa, me torturaram, eu estava com meu filho no colo, de três anos, e eles me agrediram, deram um tapa na minha cara. Depois me levaram para dentro da casa e começaram a tortura. Me amarraram com lençol, colocaram um pano na minha boca, subiram em cima de mim e me afogando com água, cheguei até a fazer xixi na roupa por duas vezes. Me enforcaram, para eu poder dar conta do meu companheiro e quando eu dizia que não sabia onde ele está é que eles me espancavam mesmo. Depois de toda a agressão, que eu fiz xixi na roupa, molhei a cama da minha mãe, eles mandaram eu tirar o forro e forrar de volta. Mandaram eu trocar de roupa, porque eu estava toda molhada de xixi e de água, porque eles tentaram me afogar, colocaram um pano preto na minha cabeça, mandaram eu deitar e me sufocaram com água. Eram muitos policiais e a maioria estava encapuzadas. Eles disseram que vinham de Aracaju, mas não sei se eles estavam falando a verdade. Mas são policiais, porque um deles estava fardado e, um dia antes, passaram à paisana aqui na rua, em um carro diferente e a minha irmã reconheceu”, disse Maria Isiane.
Maria Isiane disse que o companheiro dela, que é natural de Canindé de São Francisco, está foragido há cerca de um ano e é envolvido com o tráfico de drogas. A mulher ainda contou que, no momento do ocorrido, ela estava em casa com a mãe, uma idosa; com os dois filhos; um com apenas três anos de idade; o irmão, que também foi vítima de tortura, e duas irmãs. Ela contou que os agressores também espancaram e torturaram o irmão dela.
“Inclusive eles também judiaram do meu irmão. Deram choques, colocaram a cabeça deles em um tambor de água. Ninguém da minha família tem envolvimento com o tráfico. Eles colocaram toda a minha família para fora de casa e só ficou dentro de casa fomos eu e meu irmão. Eles começaram a tortura com meu irmão e depois começaram comigo. Depois de tudo isso ainda mandaram a minha mãe fazer café para eles”, contou a mulher.
Maria Isiane, que tem 29 anos, afirma que não tem envolvimento com o crime e está muito temerosa por sua vida e por sua integridade física, pois essa foi a segunda vez em que foi torturada: em dezembro, ocasião em que foi presa, e no último sábado.
Ela ressaltou que não realizou um exame de corpo delito e nem prestou queixa, porque o antigo advogado não lhe deu a devida assistência e orientação, o que a levou a trocar de defensor. A estratégia de tornar o caso público foi adotada pelo atua advogado, para tentar salvaguardar a vida e a integridade da mulher, uma vez que o conhecimento público sore o fato pode coibir a ação dos agressores.
A produção do Jornal da Fan entrou em contato com a Assessoria de Comunicação da Polícia Militar, que informou que o relato sobre o fato ocorrido neste último final de semana não estaria ligado à PM de Sergipe, mas sim a uma ocorrência envolvendo o Bope de Alagoas.
Em relação ao episódio ocorrido e dezembro, em Canindé de São Francisco, A polícia informa que tudo procedeu dentro da normalidade, onde a acusada foi presa e, durante a audiência de custódia, teria feito algumas reclamações, tendo o juiz encaminhado documento à Corregedoria da PM, o que gerou uma sindicância e, ao final ficou demonstrado que não houve indício de crime de qualquer natureza e, muito menos, transgressão disciplinar.