Na manhã desta segunda-feira, 07, o Jornal da Fan entrevistou a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, Danielle Garcia, que falou sobre a campanha Agosto Lilás, uma campanha instituída por uma lei federal para conscientizar a população, principalmente as mulheres, sobre a importância do combate à violência contra a mulher.
“Para nós é um mês muito importante para as mulheres e para a nossa secretaria. A violência contra a mulher tem crescido no Brasil, a despeito de todas as ações que são feitas. Eu trouxe números de Sergipe, mostrando que nós estamos numa tendência de diminuição de crimes aqui, mas ainda em números muito altos. Eu costumo dizer que é uma doença que toma conta da nossa sociedade e que, de fato, a gente precisa intensificar todo tipo de ação”, destacou a secretária.
A mandatária da pasta ainda traçou um panorama do cenário do feminicídio no Brasil. “A gente sabe que 61% dos crimes cometidos contra a mulher, são cometidos contra mulheres negras. Ainda é um mal que assola todas nós, mulheres. A gente não consegue se sentir segura, efetivamente, para desempenhar todos os papéis que a gente gostaria de desempenhar em sociedade”, disse.
Danielle também ressaltou a importância do registro do boletim de ocorrências dos casos de violência sofridos por mulheres, justamente para que seja instaurado o processo judicial que vai culminar no acionamento das medidas cautelares e dos mecanismos de proteção às vítimas, como as medidas protetivas de urgência e as rondas especializadas que monitoram mulheres expostas ao risco iminente de serem agredidas ou de terem suas residências invadidas ou sofram qualquer dano material ou patrimonial.
“É exatamente isso que a gente quer reforçar com a população. Nos dois últimos anos, nós tivemos, aqui em Sergipe, 4.424 medidas protetivas deferidas. Dessas quase 4.500 mulheres, nenhuma foi vítima de feminicídio. O que é que eu quero alertar com isso: em 2019, que nós tivemos 21 feminicídios em Sergipe, e nenhuma dessas mulheres tinham sequer um boletim de ocorrência. Em 2022, tivemos 19 feminicídios. Dessas vítimas, apenas uma mulher tinha boletim de ocorrências. Os dados nos mostram, de forma muito clara, que as mulheres que estão morrendo são as que nunca procuraram nenhum tipo de ajuda. Isso é muito impactante”, ressalta Danielle Garcia.
A secretária destacou que muitas pessoas reclamam pelo fato de não haver policiais que fiquem à disposição das vítimas para garantir a segurança delas, o que Danielle confirma, mas, em contrapartida, ressalta a inviabilidade de tal procedimento, mas destaca que existem dados que mostram que a mudança cultural no pensamento e no comportamento dos homens é a maneira mais eficiente e frutífera para se promover alguma mudança deste cenário.
“Não tem policial para ficar à disposição. Imagine 4.500 policiais para ficar à disposição de cada uma dessas mulheres. É praticamente impossível. Até porque, é importante alerta outro dado: em cada 10 mulheres mortas, sete são mortas em casa, então, não há polícia no mundo que impeça esse crime, se não houver uma conscientização de que essa mulher, ao primeiro sinal de violência, ela precisa pedir ajuda. Quando esse homem covarde percebe que a mulher procurou ajuda, ele recua e essas mulheres estão sendo salvas”, ponderou Danielle Garcia.