“Temos 175 mil jovens que não estudam e nem trabalham”, alerta pesquisador da UFS

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Na manhã desta segunda-feira, 29, o Jornal da Fan entrevistou o professor Kleber Fernandes de Oliveira, que é economista, pesquisador do Observatório do Mercado do Trabalho e Renda em Sergipe, e membro do departamento de estatística da Universidade Federal de Sergipe.

Na ocasião, o professor Kleber falou sobre um estudo realizado por ele, referente à realidade do mercado de trabalho no estado de Sergipe, estudo esse que traz dados alarmantes sobre a dura realidade da economia e do mercado de trabalho no estado.

“Esse estudo mostra o estado de gravidade do mercado de trabalho sergipano. Muitas vezes a atenção é dada apenas à taxa de desocupação, que são aquelas pessoas que estão procurando emprego, mas não encontram. Existem outros indicadores essencialmente importantes, mas que são ignorados, como as pessoas que saem do mercado de trabalho, porque procuraram por trabalho e não encontraram, ou que tem sua mão de obra subutilizada por hora de trabalho. Quando a gente soma toda essa população que está desocupada com a população que é subutilizada em termo de horas, chegamos a um terço da população sergipana, algo em torno de 400 mil pessoas”, revela o professor.

O pesquisador ressalta que o estudo não trata das pessoas que se encontram na informalidade, número que gira em torno de 460 mil pessoas, mas, sim, especificamente, aquelas que estão no desemprego ou que são subutilizados pelo mercado de trabalho. Outro dado relevante apontado pelo estudo se refere ao perfil do desemprego e da subutilização da mão de obra no mercado de trabalho sergipano, que atinge um contingente muito grande de jovens e mulheres.

Estudo do professor Kleber Fernandes de Oliveira, da UFS, revela realidade alarmante da economia sergipana.
Estudo do professor Kleber Fernandes de Oliveira, da UFS, revela realidade alarmante da economia sergipana.

“É um quadro extremamente grave, que, necessariamente, passa por duas subpopulações: jovens e mulheres. Nós temos 175 mil jovens que não estudam e nem trabalham, todos eles em famílias com menos de um salário mínimo, uma condição extremamente grave. Particularmente, não gosto dessa denominação, mas são jovens que estão completamente alijados do mercado de trabalho e do setor educacional. Enquanto pesquisador, uma pergunta que eu sempre me faço é: como essas pessoas chegarão aos 60 anos de idade, sem ter a mínima contribuição para o INSS e vão necessitar de proteção social. Outra conta simples que eu faço é que se você somar o número de desocupados à população do setor informal, que evidentemente não recorre ao INSS, estima-se cerca de 675 mil pessoas. Se essa população contribuísse com uma renda média de R$ 1,800, só Sergipe abordaria, com o INSS, R$ 1 bilhão e 200 milhões por mês”, analisa o professor.

Existem correntes de estudiosos que levantam discussões que culpam o envelhecimento populacional pelo gasto da Previdência Social, algo que é contestado pelo pesquisador. “O problema da Previdência Social não é o envelhecimento, mas sim a incapacidade da economia de gerar postos de trabalho formais. Esse que é o ponto que tem que ser discutido. Esses indicadores são públicos, então não é possível acreditar que nenhum gestor público, com poder de decisão, fique omisso a essa realidade. O que Sergipe precisa é gerar emprego, especificamente para jovens e mulheres”, alerta o pesquisador.

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